Oi, povo!
Agora mensalmente vamos passar por aqui para avisar das oficinas e atividades do Estratégias Narrativas, além de indicarmos livros e eventos.
Começamos outubro com uma oficina de Estela Rosa, vinda direto do Rio de Janeiro:
ESCREVER COM OS BICHOS - com Estela Rosa, atividade presencial
Vamos uivar, coaxar, miar, cacarejar, grasnar e partir da leitura de poemas da poeta argentina Roberta Iannamico, passando por outros autores contemporâneos, para experimentar formas de escrever com os bichos, em uma relação de companheirismo.
Sejam bons camaradas ou grandes antagonistas, os bichos estarão nos esperando para escrever de boca aberta com toda sua estranheza.
quando: 03 e 04 de outubro/ quinta-feira e sexta-feira, 19h-21h
valor: R$290 - vagas limitadas, para se inscrever
Estela Rosa indica o livro: Quitanda, Roberta Iannamico
“A verdade é que me apaixonei pela forma como Roberta Iannamico organiza as palavras e por isso esse desejo de traduzi-la ao português. Como ela pode pegar palavras tão simples e me dar um nocaute com tão poucos versos?”
ESCREVER A CASA - com Ana Maiolini, Atividade Presencial
Nesta oficina vamos explorar o texto poético a partir de palavras corriqueiras e familiares, sobre as quais muitas vezes não percebemos o potencial criativo. A palavra "micro-ondas", por exemplo, pode ter uma função poética? Convidamos você a ler conosco textos que exploram palavras e contextos rotineiros, especialmente no ambiente doméstico, e a realizar exercícios para extrair da sua casa um acontecimento poético.
Quando: 17, 24, 31 de outubro e 07 de novembro, quintas-feiras, 19h-21h
Valor: R$290,00 Vagas limitadas, para se inscrever.
Escrever o jogo/jogar o texto - com Dante Christófaro, atividade presencial
Nessa oficina, vamos falar da interseção entre os jogos e a literatura, abordando os diferentes gêneros de jogos e mostrando as suas possibilidades narrativas. Aqui, vamos estudar como funciona uma narrativa de jogo e as formas de construção de um texto interativo, e quais ganhos estéticos uma história interativa pode trazer. É uma oficina teórica e prática: além de apresentar referências de jogos e outros textos interativos ou procedurais, participantes poderão construir um jogo. A ideia é que vocês consigam, ao longo da oficina, produzir por conta própria uma obra interativa, podendo ser um jogo, uma narrativa ficcional ou não, ou até mesmo um poema.
quando: 23, 30 de outubro, 06 e 13 de novembro, quartas-feiras, 19h-21h
valor: R$290,00, vagas limitadas, para se inscrever
Nossas atividades presenciais ocorrem na nossa sede, no Ed. Maletta, Rua da Bahia, 1148, sl. 1537, Centro, Belo Horizonte/MG
Livros da Maria: Escute as feras
todo mês uma resenha da nossa assessora, Maria Caram
Li Escute as feras durante a oficina “O texto é a mais curta distância entre dois pontos”, oferecida por Flávia Péret em novembro de 2022, poucas semanas antes da autora, a francesa Nastassja Martin, vir lançar o livro na FLIP- Feira Literária de Paraty. Era uma cópia digital e o livro me atravessou de tal forma que não consegui ler nem as outras leituras indicadas na oficina, nem qualquer outro livro pelos meses seguintes.
O texto começa sem mistérios: a personagem-autora sofreu o ataque de um urso. Já aqui a leitura começa a nos mover do lugar:
“Como nos tempos do mito, é a indistinção que reina, sou essa forma incerta de traços desaparecidos sob as brechas abertas no rosto, coberta de humores e de sangue: é um nascimento, pois claramente não é uma morte.”
É a partir dessa forma indistinta e desaparecida, esse espaço híbrido da mulher atravessada por um urso, que vamos acompanhar Nastassja em hospitais, aviões e trens, em sonhos, no outono parisiense e na evasão de um hospital que foi beneficiada por outro grande acontecimento.
No contar e recontar de sua história, na importância cada vez maior de seus sonhos, no desejo de voltar e reencontrar o urso e essa outra família que a acolhe, a autora reforça que uma mulher atravessada por um urso não é mais nem uma mulher nem um urso, e nessa forma híbrida, costurada também pela mistura do caderno etnográfico e do caderno de notas pessoais, nos chama a escutar nossas próprias feras e nos deixar atravessar pelas experiências.
Escute as feras nos convida a estar expostas, a nos deixar atravessar pelo que experienciamos e entender que depois de sobreviver a grandes acontecimentos estamos diante não da morte, mas do inimaginável que se estende aos olhos após um novo nascimento. É isso que esse livro, um dos meu favoritos de todos os tempos, deixa a quem o cruza:
“Não digo nada, estou emocionada. Eis minha libertação. A incerteza: uma promessa de vida.”